domingo, 6 de março de 2011

Martinho Lutero



No cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, João Huss disse: Podem matar um ganso (na sua língua, 'huss' é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar” .

Enquanto caía a neve, e o vento frio uivava como fera em redor da casa nasceu esse cisne, em Eisbelen, Alemanha. No dia seguinte, o recém-nascido era batizado na Igreja de São Pedro e São Paulo. Sendo dia de São Martinho, recebeu o nome de Martinho Lutero.

Cento e dois anos depois de João Huss expirar na fogueira, o cisne” afixou, na porta da Igreja em Wittenberg, as suas noventa e cinco teses contra as indulgências, ato que gerou a Grande Reforma.

Para dar o valor devido à obra de Martinho Lutero, é necessário notar algo das trevas e confusão dos tempos em que nasceu.

Calcula-se que, pelo menos, um milhão de albigenses foram mortos na França, a fim de cumprir a ordem do Papa, para que esses hereges” fossem cruelmente exterminados. Wiclif, a Estrela da Alva da Reforma, traduzira a Bíblia para a língua inglesa. João Huss, discípulo de Wiclif, morrera na fogueira, na Boêmia, cantando hinos, nas chamas, até o último suspiro. Jerônimo de Praga, companheiro de Huss e também erudito, sofrera o mesmo suplício, pedindo ao Senhor que perdoasse seus pecados. João Wessália, notável pregador de Erfurt, fora preso por ensinar que a salvação é pela graça; seu frágil corpo fora metido entre ferros, onde morreu quatro anos antes do nascimento de Lutero. Na Itália, quinze anos depois de Lutero nascer, Savonarola, homem dedicado a Deus e fiel pregador da Palavra, foi enforcado e seu corpo reduzido a cinzas, por ordem da Igreja Romana.

Em tempos assim, nasceu Martinho Lutero. Como muitos dos demais célebres entre os homens, era de família pobre.

Os pais de Martinho, para vestir, alimentar e educar seus sete filhos, esforçaram-se incansavelmente. O pai trabalhava nas minas de cobre; a mãe, além do serviço doméstico, trazia lenha nas costas, da floresta.

O pai de Martinho, satisfeitíssimo pelos trabalhos escolares do filho, na vila onde morava, mandou-o, aos treze anos, para a escola franciscana na cidade de Magdeburgo.

Para conseguir a sua subsistência em Magdeburgo, Martinho era obrigado a esmolar pelas ruas, cantando canções de porta em porta. Seus pais, achando que em Eisenach passaria melhor, mandaram-no para estudar nessa cidade, onde moravam parentes de sua mãe. Porém esses parentes não o auxiliaram, e o moço continuou a mendigar o pão.

Quando estava a ponto de abandonar os estudos, para trabalhar com as mãos, certa senhora de recursos, D. Úrsola Cota, atraída por suas orações na igreja e comovida pela humilde maneira de receber quaisquer restos de comida, na porta, acolheu-o entre a família. Pela primeira vez Lutero sentira fartura. Mais tarde, ele referia-se à cidade de Eisenach como a cidade bem amada. Quando Lutero se tornou famoso, um dos filhos da família Cota cursava em Wittenberg, onde Lutero o recebeu na sua casa.

Logo depois, os pais de Martinho alcançaram certa abastança. O pai alugou um forno para fundição de cobre e depois passou a possuir mais dois. Foi eleito vereador na sua cidade e começou a fazer planos para educar seus filhos.

Aos dezoito anos, Martinho ansiava estudar numa universidade. Seu pai, reconhecendo a idoneidade do filho, enviou-o a Erfurt, o centro intelectual do país, onde cursavam mais de mil estudantes. O moço estudou com tanto afinco que, no fim do terceiro semestre, obteve o grau de bacharel em filosofia. Com a idade de vinte e um anos, alcançou o segundo grau acadêmico e o de doutor em filosofia. Os estudantes, professores e autoridades prestaram-lhe significativa homenagem.

Seu pai, desejoso de que seu filho se formasse em direito e se tornasse célebre, comprou-lhe a caríssima obra: Corpus Júris. Mas a alma de Lutero suspirava por Deus, acima de todas as coisas. Vários acontecimentos influenciaram-no a entrar na vida monástica, passo que entristeceu profundamente seu pai e horrorizou seus companheiros de universidade.

Durante o ano de noviciato, antes de Lutero ser feito monge, os seus amigos fizeram de tudo para dissuadi-lo de confirmar esse passo. Os companheiros, que convidara para cearem com ele, quando anunciou a sua intenção de ser monge, ficaram no portão do convento dois dias, esperando que ele voltasse. Seu pai, vendo que seus rogos eram inúteis e que todos os seus anelantes planos acerca do filho iam fracassar, quase enlouqueceu.

Quão grande, porém, era sua ilusão. Depois de procurar crucificar a carne pelos jejuns prolongados, pelas privações mais severas, e com vigílias sem conta, achou que, embora encarcerado em sua cela, tinha ainda de lutar contra os maus pensamentos. A sua alma clamava: Dá-me santidade ou morro por toda a eternidade; leva-me ao rio de água pura e não a estes mananciais de águas poluídas; traze-me as águas da vida que saem do trono de Deus!”;

Certo dia Lutero achou, na biblioteca do convento, uma velha Bíblia latina, presa à mesa por uma cadeia. Achara, enfim, um tesouro infinitamente maior que todos os tesouros literários do convento. Ficou tão embevecido que, durante semanas inteiras, deixou de repetir as orações diurnas da ordem. Então, despertado pelas vozes da sua consciência, arrependeu-se da sua negligência: era tanto o remorso, que não podia dormir. Apressou-se a reparar o seu erro: fê-lo com tanto anseio que não se lembrava mais de alimentar-se. Nessa altura, o vigário geral da ordem agostiana, Staupitz, visitou o convento. Era homem de grande discernimento, e devoção enraizada; compreendeu logo o problema do jovem monge; ofereceu-lhe uma Bíblia na qual Lutero leu que o justo viverá da fé. Por quanto tempo tinha ele anelado: Oh! Se Deus me desse um livro destes só para mim! - e agora o possuía!

Na leitura da Bíblia achou grande consolação, mas a obra não poderia completar-se em um só dia. Ficou mais determinado do que nunca a alcançar paz para a sua alma, na vida monástica, jejuando e passando noites a fio sem dormir. Gravemente enfermo, exclamou: Os meus pecados! Os meus pecados! Apesar da sua vida ter sido livre de manchas, como ele afirmava e outros testificavam, sentia sua culpa perante Deus, até que um velho monge lhe lembrou uma palavra do Credo: Creio na remissão dos pecados. Viu então que Deus não somente perdoara os pecados de Daniel e de Simão Pedro, mas também os seus. Pouco tempo depois destes acontecimentos, Lutero foi ordenado padre.

Depois de completar vinte e cinco anos de idade, Lutero foi nomeado para a cadeira de filosofia em Wittenberg, para onde se mudou para viver no convento da sua ordem. Porém a sua alma anelava pela Palavra de Deus, e pelo conhecimento de Cristo. No meio das ocupações de professorado, dedicou-se ao estudo das Escrituras, e no primeiro ano conquistou o grau de baccalaureus ad biblia. Sua alma ardia com o fogo dos céus; de todas as partes acorriam multidões para ouvir os seus discursos, os quais fluíam abundantemente e vivamente do seu coração, sobre as maravilhosas verdades reveladas nas Escrituras.

Um dos pontos mais iluminantes da biografia de Lutero é a sua visita a Roma. Surgiu uma disputa renhida entre sete conventos dos agostianos e decidiram deixar os pontos de dissidências para o Papa resolver. Lutero sendo o homem mais hábil, mais eloqüente e altamente apreciado e respeitado por todos que o conheciam, foi escolhido para representar seu convento em Roma. Fez a viagem a pé, acompanhado de outro monge. Em Roma, visitou os vários santuários e os lugares de peregrinação. Numa certa ocasião, subindo a Santa Escada de joelhos, desejando a indulgência que o chefe da igreja prometia por esse ato, ressoaram nos seus ouvidos como voz de trovão, as palavras de Deus: O justo viverá da fé. Lutero ergueu-se e saiu envergonhado.

Depois da corrupção generalizada que viu em Roma, a sua alma aderiu à Bíblia mais do que nunca. Ao chegar novamente ao convento, o vigário insistiu em que desse os passos necessários para obter o título de doutor, com o qual teria o direito de pregar. Lutero, porém, reconhecendo a grande responsabilidade perante Deus e não querendo ceder, disse: Não é de pouca importância que o homem fale em lugar de Deus... Ah ! Sr. Doutor, fazendo isto, me tirais à vida; não resistirei mais que três meses. O vigário geral respondeu-lhe: Seja assim, em nome de Deus, pois o Senhor Deus também necessita nos céus de homens dedicados e hábeis.

O coração de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia, abrasava-se ainda mais do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras e foi nomeado pregador da cidade de Wittenberg.

Acerca da grande transformação da sua vida, nesse tempo, ele mesmo escreve: Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores... Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo ( Rm 1: 17 ), porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: ' O justo viverá da fé '. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus pela fé, como dádiva.

A alma de Lutero dessa forma saiu da escravidão; ele mesmo escreveu assim: Então me achei recém-nascido e no Paraíso. Todas as escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo o que ensinavam sobre a ' justiça de Deus ‘. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso.

Depois dessa experiência, pregava diariamente; em certas ocasiões, pregava até três vezes ao dia, conforme ele mesmo conta: O que o pasto é para o rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra montês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis. A luz do Evangelho, por fim, tomara o lugar das trevas e a alma de Lutero abrasava por conduzir os seus ouvintes ao Cordeiro de Deus, que tira todo o pecado.

Lutero levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma mera profissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não era mais um exercício sem sentido, mas o contato do coração com Deus que cuida de nós com um amor indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu próprio coração a milhares de ouvintes, por meio do coração de Lutero.

A fama do jovem monge espalhou-se até longe. Entretanto, sem o reconhecer, enquanto trabalhava incansavelmente para a igreja, já havia deixado o rumo liberal que ela seguia em doutrinas e práticas.

Em outubro de 1517, Lutero afixou a porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as suas 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero afixou as teses ou proposições para um debate público, na porta da Igreja, como era costume nesse tempo. Mas as teses, escritas em latim, foram logo traduzidas em alemão, holandês e espanhol. Antes de decorrido um mês, para a surpresa de Lutero, já estavam na Itália, fazendo estremecer os alicerces do velho edifício de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses na Igreja de Wittenberg, que nasceu a Reforma Protestante, isto é, que tomou forma o grande movimento de almas que em todo o mundo ansiavam voltar para a fonte pura, a Palavra de Deus. Contudo Lutero não atacara a Igreja Romana, mas antes, pensou fazer defesa do Papa contra os vendedores de indulgências.

Em agosto de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a uma denúncia de heresia. Contudo, o eleitor Frederico não consentiu que fosse levado para fora do país; assim Lutero foi intimado a apresentar-se em Augsburgo. Eles te queimarão vivo, insistiram seus amigos. Lutero, porém, respondeu resolutamente: Se Deus sustenta a causa, ela será sustentada.

A ordem do núncio do Papa em Augsburgo foi: Retrata-se ou não voltará daqui. Contudo Lutero conseguiu fugir, passando por uma pequena cancela no muro da cidade, na escuridão da noite. Ao chegar de novo em Wittenberg, um ano depois de afixar as teses, era o homem mais popular em toda a Alemanha. Não havia jornais nesse tempo, mas fluíam da pena de Lutero respostas a todos os seus críticos para serem publicadas em folhetos. O que escreveu dessa forma, hoje seriam cem volumes.

Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou a Wittenberg, Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do muro da cidade de Wittenberg, perante grande ajuntamento do povo.

Porém, o imperador Carlos V, que ia convocar sua primeira Dieta na cidade de Worms, queria que Lutero comparecesse para responder, pessoalmente, aos seus acusadores. Os amigos de Lutero insistiram em que recusasse ir. Não fora João Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de vida por parte do imperador? Mas em resposta a todos que se esforçavam por dissuadi-lo de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero, fiel a chamada de Deus, respondeu: Ainda que haja em Worms, tantos demônios como quantas sejam as telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí entrarei. Depois de dar ordens acerca do trabalho, no caso de ele não voltar, partiu.

Na sua viagem para Worms, o povo afluía em massa para ver o grande homem que teve coragem de desafiar a autoridade do Papa. Em Mora, pregou ao ar livre, porque as igrejas não mais comportavam as multidões que queriam ouvir seus sermões. Ao avistar as torres das igrejas de Worms, levantou-se na carroça em que viajava e cantou o seu hino, o mais famoso da Reforma: “Ein Feste Berg”, isto é: Castelo forte é o nosso Deus. Ao entrar, por fim, na cidade, estava acompanhado de uma multidão de povo muito maior do que fora ao encontro de Carlos V. No dia seguinte foram levado perante o imperador, ao lado do qual se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do império, vinte e cinco duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, sete embaixadores, os deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões.

Sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior de vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutando com Deus, chorando e suplicando.

Quando, na assembléia, o núncio do Papa exigiu de Lutero, perante a augusta assembléia, que se retratasse, ele respondeu: Se não me refutardes pelo testemunho das Escrituras, ou por argumentos - desde que não creio somente nos papas e nos concílios, por ser evidente que já muitas vezes se enganaram e se contradisseram uns aos outros - a minha consciência tem de ficar submissa à Palavra de Deus. Não posso retratar-me, nem me retratarei de qualquer coisa, pois não é justo nem seguro agir contra a consciência. Deus me ajude! Amém.

Apesar de os papistas não conseguirem influenciar o imperador a violar o salvo-conduto, para que pudesse queimar na fogueira o assim chamado herege, Lutero teve de enfrentar outro grave problema. O edito de excomunhão entraria imediatamente em vigor; Lutero por causa da excomunhão, era criminoso e, ao findar o prazo do seu salvo-conduto, devia ser entregue ao imperador; todos os seus livros deviam ser apreendidos e queimados; o ato de ajudá-lo em qualquer maneira era crime capital.

Mas para Deus é fácil cuidar dos seus filhos. Lutero, regressando a Wittenberg, foi repentinamente rodeado num bosque por um bando de cavaleiros mascarados que, depois de despedirem as pessoas que o acompanhavam, conduziram-no, alta noite, ao castelo de Wartburgo, perto de Eisenach. Isto foi um estratagema do príncipe de Saxônia para salvar Lutero dos inimigos que planejavam assassiná-lo antes de chegar a casa. No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; tomou o nome de cavaleiro Jorge e o mundo o considerava morto. Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedido à liberdade de escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura, que essa obra saía da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. O reformador conhecia bem o hebraico e o grego e em três meses tinha vertido todo o Novo Testamento para o alemão - em poucos meses mais a obra estava impressa e nas mãos do povo. Cem mil exemplares foram vendidos, em quarenta anos, além das cinqüenta e duas edições impressas em outras cidades. Era circulação imensa para aquele tempo, mas Lutero não aceitou um centavo de direitos. A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora de dar ao povo alemão a Bíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. O seu êxito em traduzir as Sagradas Escrituras para o uso dos mais humildes, verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, sua tradução permanece como a principal.

Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina Von Bora, freira que também saíra do claustro, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de Lutero sentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente, inspira os homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o legado em Augsburgo.

Nas suas meditações sobre as Escrituras, muitas vezes se esquecia das refeições. Ao escrever o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto comendo somente pão e sal. Quando a esposa chamou um serralheiro e quebraram a fechadura, acharam-no escrevendo, mergulhado em pensamentos e esquecido de tudo em redor.

É difícil concebermos a magnitude das coisas que devemos atualmente a Martinho Lutero. O grande passo que deu para que o povo ficasse livre para servir a Deus, como Ele mesmo ensina, está além da nossa compreensão. Era grande músico e escreveu alguns dos hinos mais espirituais cantados atualmente. Compilou o primeiro hinário e inaugurou o costume de todos os assistentes aos cultos cantarem juntos. Insistiu em que não somente os do sexo masculino, mas também os do feminino fossem instruídos, tornando-se, assim, o pai das escolas públicas. Antes dele, o sermão nos cultos era de pouca importância. Mas Lutero fez do sermão a parte principal do culto. Ele mesmo servia de exemplo para acentuar esse costume: era pregador de grande porte. Considerava-se como sendo nada; a mensagem saía-lhe do íntimo do coração: o povo sentia a presença de Deus. Em Zwiekau pregou a um auditório de 25 mil pessoas na praça pública.

Calcula-se que escreveu 180 volumes na língua materna e quase um número igual no latim. Apesar de sofre de várias doenças, sempre se esforçava dizendo: Se eu morrer na cama será uma vergonha para o Papa.

Os homens geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à sua extraordinária inteligência e aos seus destacados dons. O fato é que Lutero também tinha o costume de orar horas a fio. Dizia que se não passasse duas horas de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele durante o dia. Certo biógrafo seu escreveu : O tempo que ele passa em oração, produz o tempo para tudo que faz. O tempo que passa com a Palavra vivificante enche o coração até transbordar em sermões, correspondência e ensinamentos.

Encontra-se o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol., 3, pág. 406: Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e interpretava; revestido de todos os dons do Espírito. [Nota do site: Esta informação não é verdadeira. Não há nada, seja em seus escritos ou biografias confiáveis, que possa sequer supor isso. Pelo contrário, em seus escritos encontramos frases como esta: Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir].

Nos seus sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto: Ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. No mesmo dia escreveu para a sua querida Catarina: Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te susterá. Amém. Isso foi na última carta que escreveu. Vivia sempre esperando que o Papa conseguisse executar a repetida ameaça de queimá-lo vivo. Contudo não era essa a vontade de Deus: Cristo o chamou enquanto sofria dum ataque do coração, em Eisleben, cidade onde nascera.

São estas as últimas palavras de Lutero: Vou render o espírito. Então louvou a Deus em alta voz: Oh! Meu Pai celeste! Meu Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem creio e a quem preguei e confessei, amei e louvei! Oh! Meu querido Senhor Jesus Cristo, encomendo-te a minha pobre alma. Oh! Meu Pai celeste! em breve tenho de deixar este corpo, mas sei que ficarei eternamente contigo e que ninguém me pode arrebatar das tuas mãos. Então, depois de recitar João 3:16 três vezes, repetiu as palavras: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, pois tu me resgataste, Deus fiel. Assim fechou os olhos e adormeceu.

Um imenso cortejo de crentes que o amavam ardentemente, com cinqüenta cavaleiros à frente, saiu de Eisleben para Wittenberg; passando pela porta da cidade onde o reformador queimara a bula de excomunhão, entrou pelas portas da Igreja onde, há vinte e nove anos, afixara suas 95 teses. No culto fúnebre, Bugenhangen, o pastor, e Melancton, inseparável companheiro de Lutero, discursaram. Depois abriram a sepultura, preparada ao lado do púlpito, e ali depositaram o corpo.

Quatorze anos depois, o corpo de Melancton achou descanso do outro lado do púlpito. Em redor dos dois, jazem os restos mortais de mais de noventa mestres da universidade.

As portas da Igreja do Castelo, destruídas pelo fogo no bombardeio de Wittenberg em 1760, foram substituídas por portas de bronze em 1812, nas quais estão gravadas as 95 teses. Contudo, este homem que perseverou em oração, deixou gravadas, não no metal que perece, mas em centenas de milhões de almas imortais, a Palavra de Deus que dará fruto para toda a eternidade

“NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO”

Franklin Ferreira

1. SUA PEREGRINAÇÃO ESPIRITUAL

Martinho Lutero nasceu em 10 de Novembro de 1483, na Alemanha, na vila de Eisleben, filho de um minerador de prata de classe média, e foi criado em Mansfeld, na Turíngia. Foi uma infância de grandes privações, que o marcaram profundamente. Com 14 anos, foi enviado para Magdeberg, para estudar com os Irmãos da Vida Comum (ordem religiosa fundada pelo holandês Geert Groote, em 1381), e ali foi iniciado na piedade pessoal. Foi nesta escola que Lutero viu pela primeira vez uma Bíblia. Ele ficou pouco tempo na ordem, pois uma enfermidade o obrigou a voltar para casa.

Aos 18 anos, em 1501, seu pai, desejando torná-lo um jurista, o envia para a Universidade de Erfurt. Adquiriu um grande conhecimento de gramática, lógica, metafísica e música.

Mas não se resumem a estes seus estudos. Interessou-se pela teologia escolástica de Guilherme de Occam (1280-1349), que afirmava que Deus não haveria de negar Sua graça ao homem que fizesse tudo quanto estivesse em seu poder, e com o humanismo, que era a redescoberta da cultura clássica. Em 1502 colou grau de bacharel, e em fevereiro de 1505, recebeu o invejável título de Mestre em Artes. Com isto, para deleite de sua família, já poderia dar aulas.

Mas uma convulsão assaltava o jovem Lutero. Seu amigo Filipe Melanchton disse: “Amiúde ao pensar na ira de Deus e em seus juízos, ficava tão atemorizado que quase perdia o alento”. Contra a ira de Deus, Lutero buscava refugio junto à Virgem e aos santos. Na Páscoa de 1503, ele se feriu gravemente, e depois confessou: “Teria morrido, apoiando-me em Maria”. O fato decisivo que o levou, aos 22 anos, a ingressar, na manhã de 18 de Julho de 1505, no Convento dos Eremitas Agostinianos foi uma tempestade violenta que desabou perto dele, quando retornava de sua casa, para a Universidade. Ao perceber sua fragilidade, sua consciência clamou: “Eu, Martinho Lutero, como serei salvo?” Em suas palavras, “eu me dizia continuamente: Oh! Se pudesse ser verdadeiramente piedoso, satisfazer teu Deus, merecer a graça! Eis os pensamentos que me lançaram no Convento!” Invocando Santa Ana, promete fazer-se monge.

A ordem monástica que Lutero havia escolhido se distinguia ao mesmo tempo pela seriedade de seu labor teológico e pela dureza de sua regra. Em 1507 foi ordenado sacerdote, na Catedral de Santa Maria. Mas, no centro de seu pensamento gravita Deus, o Deus de majestade, o Deus que tem Seu trono no céu distante, o Deus da Lei, o Juiz, o Vivo, o Santíssimo, o Senhor que odeia o pecado, e que por conseguinte, condena o pecador. Lutero, na tentativa de tornar-se justo, descreve-se: “Toda a minha vida não era mais do que jejum, vigílias, orações e suores... Se tivesse durado um pouco mais, ter-me-ia martirizado até a morte por meio de vigílias, rezas, leituras e outras espécies de trabalhos.” Tinha um espírito quebrantado e estava sempre triste.

2. NO CAMINHO DA REFORMA

Por causa de sua piedade e inteligência, em 1511, ocorreu um fato que mudaria para sempre sua vida. Johann von Staupitz, o superior da ordem, disse que ele precisava preparar-se para a carreira de pregador e tornar-se doutor em Teologia. Lutero, a princípio, não aceitou, mas Staupitz encerrou a questão: “Tudo deixa entrever que dentro em pouco nosso Senhor terá muito trabalho no céu e na terra. Então, precisará de um grande número de jovens doutores laboriosos. Que vivas, pois, ou que morras, Deus tem necessidade de ti em Seu conselho.”

Em 19 de outubro de 1512, Lutero obteve o grau de doutor em Teologia. Em suas palavras, “eu, Dr. Martin, fui chamado e forçado a tornar-me doutor, contra a minha vontade, por pura obediência e tive de aceitar um cargo de ensino como doutor, e prometo e voto pelas Sagradas Escrituras, que tanto amo, pregar e ensiná-las fiel e sinceramente.”

A partir do inverno de 1512 Lutero começou a preparação para as suas preleções sobre Salmos (1513-1515), Romanos (1515-1516), Gálatas (1516-1517), Hebreus (1517) e novamente Salmos (1518-1519). Ele começou a trilhar o caminho da Reforma como observou, mais tarde: “No transcorrer destes estudos, o papado soltou-se de mim”. Ele abandonou o método de interpretação alegórico, que era dominante, e os comentários dos teólogos escolásticos, pois não contribuíam para uma compreensão do texto. Passou a apoiar-se nos comentários de Santo Agostinho (395-430), que era o expoente da doutrina da graça: A salvação do homem decorre não de realizações próprias, mas da misericórdia de Deus.

Através de seus laboriosos estudos das Escrituras, Lutero chegou a ver que a culpa que o consumia não poderia ser retirada por mais religião, e o Deus que ele tanto temia não era o Deus que Cristo havia revelado. Disparado da Epístola aos Romanos (1.17), outro relâmpago cruzou seu caminho: “Noite e dia eu ponderei até que vi a conecção entre a justiça de Deus e a afirmação de que ‘o justo viverá pela fé’”. Então eu compreendi que a justiça de Deus era aquela pela qual, pela graça e pura misericórdia, Deus nos justifica através da fé.

Com base nisto eu senti estar renascido e ter passado através de portas abertas para dentro do paraíso. Toda a Escritura teve um novo significado e, se antes, a justiça me enchia de ódio, agora ela se tornou para mim inexprimivelmente doce em um maior amor. “Esta passagem de Paulo se tornou para mim um portão para o céu...”

Alguns historiadores entendem que a teologia de Lutero estava virtualmente amadurecida até 1515. Mas, nas exposições dos livros de Salmos e Romanos ele parece um homem andando na direção da luz, mas não que tenha encontrado a luz. Há alguns lampejos, mas estas exposições ainda refletem o entendimento medieval sobre as boas obras e o mérito. Ele chegou ao seu entendimento da justificação, com clareza e certeza, em cerca de 1518-1519. Esta foi a doutrina mais importante da Reforma, e a doutrina mais importante para Lutero. Há três aspectos distintivos do entendimento desta doutrina de Lutero.

1. A justificação envolve a justiça imputada de Cristo, e não a justiça da própria pessoa. Os católicos criam que, se fizermos o necessário, a graça de Deus, dada pelos sacramentos, vai nos possibilitar crescer em justiça ao ponto de, algum dia, sermos realmente justos e dignos do céu. O despertar de Lutero veio no entendimento da frase “a justiça de Deus”. Esta frase significa o dom de Deus, a maneira justa com que ele nos declara justos; que somos justos, aos olhos dele, baseado na obra de Cristo na cruz. Agostinho e os teólogos católicos interpretaram a justificação como “fazer justo”. Lutero falou que o significado é que Deus declara os injustos

– os ímpios – justos! Como ele pode fazer isso? Isto não seria uma ficção? Não, porque Deus nos veste da justiça de Cristo. Então, é possível ter segurança, não baseada nas boas obras, ou mérito, ou justiça pessoal, mas baseada somente na justiça de Cristo, dada a nós por causa da graça de Deus.

2. Esta justiça de Cristo é recebida somente pela fé. A fé não cria esta justiça, não é uma boa obra, mas a fé aceita a graça de Deus e confia em Cristo; ele nos salva. A fé não faz nada ativamente; ela é passiva, ela aceita a obra de Cristo em nosso lugar para nossa salvação. E a própria fé é um dom de Deus. Não há nenhum espaço para mérito humano.

3. Como resultado da justificação, somos simultaneamente e sempre justos e pecadores. Não meio-justos e meio-pecadores, mas completamente justos em Cristo e completamente pecaminosos em nós mesmos. Permanecemos sempre dependentes de Cristo. “Somos verdadeiramente e totalmente pecadores, com respeito a nós mesmos e ao nosso primeiro nascimento. Inversamente, já que Cristo nos foi dado, somos santos e justos totalmente. Então, de diferentes aspectos, somos considerados justos e pecadores ao mesmo tempo”.

“Não posso mudar nada absolutamente daquilo que tenho ensinado até agora sobre a justificação, a saber, que recebemos pela fé um coração novo e puro e que Deus nos reputa justos pela virtude de Cristo nosso mediador... Afirmamos também que não é verdadeira, e portanto nada vale, a fé que não for acompanhada de boas obras” (Lutero).

Ele desvencilhou-se daquilo que tem sido chamado como “o pior erro gramatical do mundo”, isto é, a idéia medieval de que o homem faz-se justo. Mas Paulo, nas Epístolas de Romanos e Gálatas nos ensina que Deus nos declara justos, baseado na perfeita obediência de Cristo, a nós imputada. Errol Hulse afirmou: “A única vez no Novo Testamento, em que nós lemos sobre um forte anátema é Gl.1.9, repetindo duas vezes ‘seja maldito’. O apóstolo declara que quem quer que perverta a justificação pela fé ‘seja maldito’. Não importa quão importante seja o ministro, mesmo que seja um anjo do céu, seja ele maldito.” Lutero, sobre a justificação pela graça, por meio da fé, disse que este era “o artigo pelo qual a igreja se mantém ou cai.”

Lutero também era o pastor da igreja da cidade de Wittemberg, e começou a pregar sua fé recém-descoberta para sua congregação. Mas, ao mesmo tempo, um monge chamado Tetzel, representante do papa Leão X, estava vendendo indulgências para levantar dinheiro para a construção da Catedral de São Pedro, em Roma. As indulgências eram cartas de absolvição que garantiam o perdão dos pecados. Tetzel afirmava: “Não vale a pena atormentar-te: podes resgatar teus pecados com dinheiro! Pagando, podes escapar dos sofrimentos do purgatório e aliviar os dos outros!”, e tudo embalado pelo cântico: “A alma sai do purgatório no preciso momento em que a moeda ressoa na caixa.”

Para Lutero, isto era uma perversão do Evangelho. Em 31 de Outubro de 1517 ele afixou, na porta da Igreja do Castelo, em Wittemberg, as 95 teses que haveriam de marcar o princípio da Reforma. Escolhera intencionalmente aquela data, pois o dia seguinte seria a festa de Todos os Santos, e o príncipe eleitor Frederico ofereceria à veneração de seu povo sua preciosa coleção de 17.443 relíquias (que incluíam um dente de Jerônimo, quatro partes do corpo de João Crisóstomo, quatro fios de cabelo da Virgem Maria, um retalho das fraldas de Jesus, um cabelo de sua barba, um prego de sua cruz, entre outros), cuja veneração valia para os fiéis 127.779 anos de indulgência. O afixar teses não era grande coisa, pois os eruditos naquele tempo faziam isto, mas com a invenção da imprensa, as teses se espalharam pela Europa, dando início à batalha. Elas começam com a famosa exortação: “Ao dizer ‘Arrependei-vos’ Mt4:17, nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência”.

3. DIANTE DE REIS E PRÍNCIPES

Os eventos se sucedem com rapidez. Em 1518, Frederico, Eleitor da Saxônia dá seu apóia a Lutero. Em 1519, participa do debate de Leipzig, contra Eck. Em 1520 escreve três obras importantes: “Apelo à Nobreza Germânica” (contra a hierarquia romana), “O Cativeiro Babilônico” (contra o sistema sacramental de Roma) e “Sobre a Liberdade do Homem Cristão” (afirmando o Sacerdócio de todos os crentes). Em 10 de Dezembro de 1520 queima os livros de Direito Canônico e a bula papal que o ameaçava de excomunhão. Em começos de 1521, ele é convocado a Worms, perante o Imperador Carlos V e os príncipes da Alemanha, para dar contas de seu ensino.

Depois de dois dias de debates, onde o que está em jogo é a autoridade das Escrituras, ao ser instado a retratar-se e retornar à comunhão com Roma, Lutero exclama: “Já que me pede uma resposta simples, darei uma que não deixa margem à dúvidas: A não ser que alguém me convença pelo testemunho da Escritura Sagrada ou com razões decisivas, não posso retratar-me”. Pois não creio nem na infalibilidade do papa, nem na dos concílios, porque é manifesto que freqüentemente se tem equivocado e contradito. Fui vencido pelos argumentos bíblicos que acabo de citar e minha consciência está presa na Palavra de Deus. Não posso e não quero revogar, porque é perigoso e não é certo agir contra sua própria consciência.

Que Deus me ajude. “Amém.” Era a noite de 18 de Abril de 1521, e um novo dia raiou para a cristandade.

4. EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO

Em 1529 os príncipes católicos reuniram-se em torno de uma resolução que impedia a introdução da Reforma em seus territórios, mas reclamavam liberdade de culto romano nos territórios conquistados pela Reforma. A recusa solene dos príncipes de “fé evangélica” (como se chamavam) de concordar com esta imposição tornou-os conhecidos por “protestantes”, como passaram a ser chamados.

Até sua morte, com 62 anos, em 18 de Fevereiro de 1546, na vila onde nasceu, em Eisleben, Lutero esteve continuamente envolvido nas controvérsias de seu tempo. Por esta época, sua influência já se havia se espalhado não só pela Alemanha, mas também por partes da Holanda, Suécia, Dinamarca e Noruega. A Reforma seguia seu curso de forma poderosa.

Quem foi Lutero? Ele não foi um homem livre de falhas, muito pelo contrário! Ás vezes

estas eram mais evidentes que suas qualidades! Mas o teólogo reformado Karl Barth, ao entender que o verdadeiro legado de Lutero residia em sua percepção da livre graça de Deus em Cristo, que alcança o homem em seu estado de rebelião, morte e idolatria, afirmou:

“Que mais foi Lutero, além de um professor da Igreja Cristã que não se pode celebrar de outra maneira senão ouvindo-o?”

Fonte: Heróis da Fé, Editora CPAD.

sábado, 5 de março de 2011

Orar por quem?

Orar por quem?

É...,discutimos tantas coisas com relação a palavra de Deus. Somos alunos tão aplicados, em busca das melhores notas. Somos professores tão sábios, em busca de reconhecimento.
Desejamos ser chamados de: doutor, mestre, pastor, apostolo, bispo, evangelista, missionário, diáconos e afins.

Estamos tão envolvidos em preencher o nosso ego, que, não temos tempo para olhar ao nosso redor, e, procurar entender porque devo orar.

Talvez a resposta seja simples: oro pela minha família. Oro pelo meu emprego e meu carro novo. Oro para que as janelas dos céus se abram, e, sejam derramadas poderosas bênçãos sobre mim.

Oro para Deus me fazer próspero, afinal, Ele é meu pai, e quer o melhor desta terra para mim; não é mesmo?
(obs. Não sou contra alguém ser bem sucedido.)

Mas, de que estamos rodeados? Que tipo de pessoas caminham pelas ruas?
Quem são aqueles nos trens? E, aquelas pessoas dentro dos ônibus e lotações, quem são?
Os carros que passam apressados, e, os metros cheios de pessoas várias, como está suas vidas?

Há todo tipo de pessoas. Pessoas boas e ruins. Pessoas honestas e desonestas.
Pessoas violentas e sanguinárias. Pessoas angustiadas e vazias. Pessoas que choram..., que sofrem..., que sentem medo e solidão.
Há também os servos de Deus. E o que todos tem em comum?
Eles precisam da nossa oração.

Não importa o que são, ou o que fazem; nós oramos por eles.
Nós suplicamos por eles, como se cada um deles fosse “eu”.
Orar, e, como servos do Deus vivo, subir ao Senhor como Moisés, e fazer propiciação por seus pecados, (Ex. 32:30).

Não estamos olhando como deveríamos ao nosso redor. E, sabe porque?
A necessidade de “reconhecimento e poder”, tem chegado a muitos, Lucas 14:11 diz: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado”.

Oremos, por aqueles que não conseguem caminhar, nesta vida de tempestades, neste mundo de dores. Guiemos os cegos, que tropeçam na escuridão de suas almas.
Mostrar a eles, o caminho verdadeiro, (João 14:6); em um mundo, onde vários caminhos estão a nossa frente, (Pv. 14:12-13).

Mas, se estivermos mergulhados em nosso orgulho e egoísmo, isto nos impedirá de “ver” a dor do próximo.
Que sofrem as frustrações e decepções da vida. Que vivem a depressão e a angustia tão profundas, que se tornam mudos.

Vivem a “prisão” da alma, e não há quem os liberte. Mas, o Senhor Jesus veio a esse fim, (Lc. 4:18-19). As pessoas passam diante de nossos olhos, e, em sua grande maioria vivem a tempestade da alma.

Uma tempestade intensa, onde sopram fortes ventos, e, águas procuram naufragar o barco de suas vidas.

Pessoas que beiram a loucura, que já não encontram mais forças para segurar o leme de suas vidas. Pessoas que gritam desesperadamente por socorro, pois, a sua experiência tornou-se nada, diante de tanta revolta no mar de suas emoções, (Mt. 8:23-27).

Orar por eles; é tão pouco, tão simples. Em uma certa igreja, pedi para que orássemos uns dias, por pessoas consideradas a escória da sociedade.
Mas, a resposta que recebi dos servos de Deus, “tão cheios” do Espirito e de poder, foi o silêncio.

(Mt. 10:16), somos ovelhas no meio de lobos, e, não devemos temer, (Mt. 10:28).
Pois, não fazemos em nosso nome, mas, em nome o Senhor Jesus, (Mt. 10:40).
O Senhor não abandonou a humanidade a própria sorte, (João 8:51).

O Senhor Jesus, detém todo o poder, (João 1:3).
E quer ressuscitar a alma, dando nova vida as emoções dos homens, (João 1:4).
Transformou água em vinho, (João 2:6-10), mostrando que, seu objetivo é transformar vidas.
Oremos, ensinemos, amemos o nosso próximo, (João 13:34-35); pois somos seus discípulos.

Ou porventura, estamos tão acostumados com as coisas que presenciamos, que, já não sentimos nada com relação á dor, e sofrimento dos outros?              (Ef. 4:17-19).

Assim como nós, as pessoas precisam da misericórdia de Deus, (I Pe. 2:10).
Não podemos servir a Deus sem Deus. Muitos de nós tem-se tornados fariseus; vivendo o tão temível engano, (Hb. 3:12-13).

Temos perdido o senso de comunhão, (Sl. 133:1). E, quando nos reunimos, é como se fosse um encontro social.
Ao menos oremos pelos pecadores, para que se arrependam, para que haja alegria diante dos anjos de Deus, (Lc. 14:10).

Não importa para quantos você prega, ou para quantos você ora. Não importa quantos te ouçam, ou quantos são curados.

Importa sim, o que se volta para Deus e o adora, (Lc. 17:17-19); não se preocupe, o teu trabalho não é vão no Senhor.

Talvez, você ache pesado o teu cargo, (Nm.11:14), e queira desistir. Talvez, por um momento você duvide do Senhor, e, seu poder, (Nm.11:22).

Mas, saiba: duvide você ou não, a palavra de Deus se cumprirá, (Nm. 11:23).
O Senhor é Deus, e, ainda opera coisas tremendas.
Continue a orar pela humanidade, pois, o Senhor ouve, (Is. 59:1-8).

E, por tudo isso, Deus amou..., (João 3:16).

sexta-feira, 4 de março de 2011

Marisa Monte - Gentileza

VOZ DA VERDADE -O FILHO PRÓDIGO

Que bela fruta! Pr.Luiz Carlos Euzebio






Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.( Gen. 3:6)

Uma pessoa para o carro no farol, o farol abre e fecha várias vezes. Um guarda se aproxima e diz ao motorista: Não temos nenhuma cor que lhe agrade?

Muitas pessoas estão em busca de uma cor.
Um sentido para a vida. Uma realização pessoal.
Mas, parece que não conseguem se realizar.
Buscam preencher o vazio em shows, na prostituição, nas drogas, nas compras...

Por mais que tenham, por mais que possuam, por mais que curtam, que riam...o vazio e a falta de cor continuam ali.
Mas. o que dizer, dos que “tudo possuem”, e querem mais?
Sedução, esta é a palavra.

Gn. 3:1-7- O diabo escolhe o animal mais malicioso e sutil, controla-o por completo para sua desastrosa missão.
A serpente (neiheish, sig. sibilante), “mais sagaz” que qualquer outro animal; ardilosa...maliciosa...

Distorceu a ordem de Deus, plantando na mente de Eva, dúvidas. Quando a fé falha, a conduta moral entra em ruína. 
A desconfiança é despertada em Eva, Duvidou da bondade de Deus, no que se refere a proibição, da sua retidão ao dizer que morreriam, da sua santidade, quando satanás garante que não morreriam.   
  
E, por fim, a incredulidade levou a desobediência, ao pecado, e a desgraça.
Ai, o sedutor diz: como Deus, sereis. Um argumento poderosíssimo; dando a entender, que Deus, através de sua proibição, frustrou o desejo do homem, de ser igual a Ele.

Pois, o Criador era egoísta e não queria que suas criaturas tivessem algo que as tornasse iguais a Ele, Onisciente.
v.6- Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao seu marido, e ele comeu. 

Algo aconteceu no raciocínio da mulher. O fruto era agradável aos olhos, gostoso e tinha o poder para dar sabedoria. Eles queriam mais do que já possuíam, queriam poder.

Acreditavam que o fruto lhes daria tudo o que desejassem.
Novas “cores” poderiam ser contempladas. Mas, o que conseguiram, foi conhecer a dor do bem perdido.

v.7- Abriram-se...os olhos...percebendo que estavam nus. As “cores” que viram, não eram as ”cores” que procuravam. Viram sua nudez física e espiritual. Vem a vergonha, o medo..., perdem o contato com Deus.

As “cores” que viam agora eram: Solidão, medo e culpa.
 Ah...que bela fruta...que terrível decepção.
Mas, o amor de Deus não os abandonaria. Pelo sangue de Jesus, novas cores e frutos, nos serão concedidos.

Ap.22:1-3-(Rev 22:1-3) Então...o rio da água da vida...sai do trono de Deus e do Cordeiro...No meio da sua praça...está a árvore da vida...as folhas são para a cura...Nunca mais haverá maldição. Os seus servos o servirão.


Luiz Carlos Euzébio
http://iveraldopereiragmail.blogspot.com/2011/01/que-bela-fruta-prluiz-carlos-euzebio.html

PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS MUITO IRADO



Jonathan Edwards

"Minha é a vingança, a seu tempo quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar". Dt. 32:35

Neste versículo lemos sobre a eminência da suprema vingança de Deus sobre os Israelitas, que na altura seriam o verdadeiro povo de Deus e que viviam sob uma graça desmesurada, mas que mesmo assim Deus deles afirmava "Porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento". Dt. 32:28. De toda aquela criação de Deus, eles brotavam sarças e espinhos como fruto, amargura e ira a Quem os criara. O texto que escolhi para hoje, será "A seu tempo há-de resvalar o seu pé" e procede daquilo que me transparece relacionado com a suprema devastação eterna que esperava os Israelitas com quem Deus estava irado por causa dos seus muitos pecados. A idéia que prevalece será que eles estariam expostos àquela ira inesperada sem o saberem.

1. Eles estavam sob ameaça duma destruição inesperada, estando expostos a ela continuamente sem o saberem. Eles estariam a escorregar naqueles lugares tenebrosos da sua consciência. Isto descreve com fidelidade como estariam na eminência de serem destruídos a qualquer momento. Será isso que lemos em "Certamente tu os pões em lugares escorregadios, tu os lanças para a ruína. Como caem na desolação num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores".

2. Isto implica que estariam permanentemente sob a possibilidade de serem exterminados e fulminados a qualquer momento sem aviso, mas também sem maneira e sem qualquer possibilidade remota de escaparem de tal coisa. Estes lugares escorregadios apenas mostram que a qualquer momento qualquer pecador pode cair, que ninguém tem como prever quando nem como e também que ninguém tem como impedir que tal coisa se dê e assim seja. É isto que transparece das palavras "Tu os lanças para a ruína. Caem na desolação num momento!" Sal. 73:19.

3. Outra coisa que se esconde nestas palavras, é que eles cairão por eles mesmos, sem que seja necessário que alguém ajude ou contribua para que tal coisa suceda. Como caminha em lugares escorregadios, o pecador não necessita de nada para se estatelar no inferno por si mesmo e isto para sempre.

4. A única razão porque o pecador não caiu ainda, será tão só porque Deus assim ainda não quis, pois o seu tempo já está determinado que chegue. Tudo agora depende da soberana vontade de Deus apenas ; nada depende daquilo que o pecador possa vir a fazer. Está escrito que "a seu tempo cairão, a seu tempo resvalará seu pé". Eles serão deixados para caírem mesmo, ninguém tem como impedir que tal coisa aconteça. Eles apenas necessitam do seu próprio peso para tombarem nestes lugares escorregadios nos quais Deus os colocou por haverem entregue seus corações a seus próprios pecados. Deus não mais impedirá que tal aconteça, não existindo mais razão para o continuar a fazer. A sua destruição está eminente e nada o poderá impedir. Estão na berma do abismo de fogo sem saber, sem quererem saber. Como o pecador está num terreno inclinado e escorregadio, que haverá que o possa impedir de escorregar definitivamente? Basta tão só chegar o seu dia, aquele que nenhum pecador tem como saber quando será, pois viram a sua cara para não encararem as suas realidades sempre eminentes.

Pode-se fazer a observação a partir das palavras nas quais vou insistir. "Nada impede que Deus, pela Sua soberana vontade os deixe cair para sempre, com exceção do Seu bel-prazer e Sua própria determinação soberana". Quem poderá impedir Deus de o fazer? Quero que fique claro que toda a destruição depende tão só de quando Deus assim quiser, pois nada mais existe que tenha como determinar o preciso destino de qualquer pecador. Esta verdade transparece das seguintes elações que podemos retirar do texto.

1. Não existe qualquer falta de poder em Deus para lançar qualquer ímpio no lago do inferno a qualquer momento. Nenhuma mão humana tem como se elevar para impedir Deus de o fazer. Não existe homem que O tenha como impedir. O mais poderoso de todos eles não tem com que resistir se Deus se levantar em ira ; ninguém poderá livrar da Sua poderosa Mão. Não só é capaz de lançar os pecadores no inferno a qualquer momento, pois Ele também o pode fazer com muita facilidade. Muitas vezes um príncipe na terra depara-se com grandes dificuldades para vencer um oponente seu, algum rebelde do seu reino o qual se tenha fortificado com armas e homens para a este se opor. Mas não será assim com Deus. Não existe fortaleza que resista ou que tenha defesa contra o poder de Deus. Mesmo de mãos dadas, mesmo que um grande mar de gente se una em cordão contra Deus, facilmente serão despedaçados em pequenos pedaços. Serão como palha, montes e pilhas de palha diante duma forte tempestade, dum furacão. Ou como estrume muito seco perante as chamas ferozes dum grande fogo que não se apaga. É muito fácil a qualquer um de nós pisar uma minhoca no chão e esmagá-la sem que esta tenha como se proteger; é muito fácil para qualquer um de nós cortar uma linha onde algo esteja pendurado; assim ou mais fácil ainda, será para Deus desprender a vida, de alguém que Ele entenda e, quando assim entender, lançar qualquer inimigo seu, ou multidões deles ao mesmo tempo, no fogo do inferno. Quem somos nós para que pensemos que podemos resistir contra Deus, Aquele que faz estremecer toda a terra com uma leve repreensão, que provoca uma avalanche de pedra em todo o tamanho dela com um pequeno sopro?

2. Qualquer pecador merece tudo isto, merece sempre ser lançado no inferno. Assim é para que a justiça divina triunfe. A justiça divina não tem como impedir a ira de Deus, não tem objeção sequer contra esse poder que Deus tem para triunfar na sua destruição momentânea ; a qualquer momento Ele pode fazer tal coisa. Pelo contrário, é essa mesma justiça que clama aos Céus para que tal coisa venha a dar-se, suceda repentinamente, a qual clama alto pelo supremo castigo do todo pecado. A justiça divina que conhecemos clama e pede incessantemente que, quando uma videira brote fruto como o de Sodoma, que se corte a árvore. Lemos que "Disse então ao viticultor: corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?" Lc. 13:7

3. Todos os pecadores estão já condenados à partida, estão sob a sentença dum inferno justo. Eles não apenas o merecem em forma de justiça, mas a própria sentença de Deus já saiu, aquela sentença eterna e irreversível, a qual ninguém tem como reverter, para que se estabeleça a justa vingança de Deus Altíssimo. Esta sentença saiu e nada a detém. Todos estão perante a certeza irreversível do inferno. João 3:18 " quem não crê, já está julgado". Todo o homem por se converter pertence ao inferno. Ali é seu lugar, porque lemos (João 8:23) "Disse-lhes Ele: Vós sois de baixo". O pecador está sob pena do inferno do eterno de Deus. Esse é o lugar que tanto a palavra de Deus que não muda, como a justiça divina e a sentença da Sua lei imutável para o pecador reservam desde sempre. Esse lugar está assegurado desde já para ele.

4. Os pecadores são o objeto da ira portentosa de Deus. Essa mesma ira expressa-se em inferno de tormentos infinitos, assim se manifesta. A única razão porque um pecador que ainda vive não caiu lá dentro ainda, não será porque Deus, sob a ira de Quem estão continuamente, não esteja muito zangado com eles ainda como está com aquelas muitas criaturas que já lá se encontram há milhares de anos a sentir na pele os grandes açoites da Sua ira sem fim. Por acaso Deus está mais irado com muitos dos que se encontram cá na Terra ainda: sem dúvida que sim, com muitos que agora aqui se encontram a ouvir-me nesta congregação, com pessoas que estão aqui sentindo-se bem à-vontade, mais daqueles que há muito lá estão nas chamas do inferno. Não será porque Deus se esqueceu deles por cá, que não esteja atento às suas perversidades, que não se sinta mal pelos seus pecados que não corta a corda que os prende, para ainda não houvessem sido sugados para as chamas. Deus não é, como eles pecadores, são, mesmo que todos eles O imaginem assim tal qual eles. A ira de Deus arde para se concretizar, a sua eterna e justa condenação não dormita como pensam muitos. O lago de fogo e enxofre está aceso e preparado para os receber a todos, o forno sobreaquecido para os engolir logo. As suas chamas já chamam e já queimam de raiva e fúria. A espada flamejante já se contorce de ira e a sua terra debaixo dos seus pés estará cedendo a qualquer momento. A boca do lago de fogo e enxofre está pronta e prestes a engoli-los sem mais atrasos.

5. O diabo está pronto também para cair em cima deles, reclamando-os como sua única propriedade exclusiva. Quando ele os quiser Deus assim permite que se faça como ele bem entender. Eles, os pecadores, pertencem-lhe, ele mesmo possui as suas almas desde já, estão sob o seu querer incondicionalmente. As Escrituras falam deles como sua mercadoria exclusiva. Todos os demônios os apascentam à espera do grande dia de os verem serem lançados nas chamas devoradoras. São como leões esfomeados à espera da carne deles; eles querem-se atirar à presa já, mas estão apenas impedidos de o fazer. Caso Deus retire a Sua mão, caso cesse de impedi-los, eles caem-lhes em cima como se fossem caça. É essa Mão que ainda os impede de se arremessarem. Se essa Mão se retirar, cairão sobre as suas almas, reclamando-as desde logo! Aquela velha serpente está a um pequeno passo de os tragar; a morte e o inferno esperam impacientemente e caso Deus permitisse, retirando a Mão que impede do seu posto, eles rapidamente seriam levados e nunca mais seriam vistos.

6. Existe dentro das próprias almas dos ímpios esses mesmos princípios infernais reinando, que logo explodiriam em chamas de grande maldade, não fosse Deus ainda impedir que tal coisa suceda. Existe na própria natureza carnal de qualquer homem mundano, um fundamento igual aos dos alicerces do próprio inferno. Estão lá ardendo todos esse princípios de pecado desde sempre, reinando pelo seu próprio poder, possuindo-os por completo e isso é a semente do inferno factualmente. Estes princípios pecaminosos reinam por si, vivem por si e serão violentos por natureza. Não fosse pela Mão que os restringe agora, logo pegariam fogo e queimariam as suas teimosias, corrupções e violências com aquela mesma inimizade com que os demônios se lançam a eles. Aquilo que os tormentos podem trazer de dentro do coração perverso de almas condenadas, a mesma inimizade está apenas impedida de se manifestar pela poderosa mão de Deus. As almas dos pecadores ainda vivos são descritas pelas Escrituras como um mar que não se aquieta (Is. 57:20). De momento, Deus os retém pelo poder do Seu braço poderosíssimo. Essas ondas estão contidas ainda dentro do aceitável, pois ouvimos-Lhe dizer "Até aqui virás, porém não mais adiante; e aqui se quebrarão as tuas ondas orgulhosas", Jó 38:11. Mas caso Deus os deixasse à solta, logo se corromperiam e nada impediria a sua água negra e lamacenta de inundar tudo à sua volta. O pecado é a ruína e a semente da miséria na própria alma de quem dele se farta. Corrompe e é sempre destrutivo e caso Deus não lhe impusesse limites de fartura, nada mais seria necessário para levar qualquer alma ao extremo da sua maior miséria. A sua corrupção, a essência de todo o coração de homem, não se modera a não ser por uma poderosa mão, porque a sua fúria pecaminosa não tem limites nem fim de imaginação. Enquanto o homem ímpio aqui estiver vivo, é sempre e eternamente como fogo controlado que se fosse deixado à solta logo tudo consumiria à sua volta, mudando até o curso da natureza. Como o coração é uma fonte de pecado, caso não fosse restringido, tornaria a própria alma de quem o possui um forno aceso, um vulcão em erupção maligna e contínua.

7. Que não sirva de símbolo de segurança para qualquer pecador, nem por um momento, o fato de ainda não verem a sua morte dando sinais de ir aparecer. Não serve de segurança a saúde de ninguém, pois pode-se acidentar a qualquer momento, mesmo mostrando ser o homem mais saudável do mundo inteiro. A múltipla e corrente experiência de todos é que hoje estando vivo, logo de seguida pode estar em eminência a hora da sua morte. Sempre foi assim, os homens a pensar que nunca morrem e o inferno a tragá-los um a um. Aquilo em que o homem não pensa, aquilo de que não quer ter consciência, isso passa por ele como se nada disso existisse. Muita gente morre sem se dar conta senão apenas no último dos minutos. Os homens têm múltiplas formas de escaparem da realidade das coisas e quanto mais reais e imutáveis forem essas coisas, tanto mais facilmente e tanto mais profundamente se "esquecem" dessas realidades, tanto mais voluntariosamente deixam de pensar nelas. Os homens não-convertidos navegam num mar de chamas do qual negam sentir o calor sobre a casca de palha. Apenas evita que tombe aqui e acolá pensando que dessa forma se tem como se livrar da queda eminente e da perda inevitável. Essa casca de palha é tão frágil para aquilo que é usada que apenas a extrema misericórdia de Deus tem como evitar que essa casca seja tragada de imediato por chamas que nunca se apagam. Nem o peso do homem a tal obra em casca e palha tem como segurar a menos que seja porque Deus intervém. Qualquer seta de morte rasga os céus em plena luz do dia. Que impede o homem mortal de ser atingido por uma delas? Elas são setas invisíveis, que não se deslumbram quando são atiradas contra o homem mortal. Deus tem tantos meios de retirar dos mortais a sua vida, para que sigam o seu caminho para o inferno, para o seu lugar de eleição, que nem se pense que algo miraculoso tem de se passar primeiro para que seja tido que foi Deus a fazê-lo, pois há muitas maneiras de se morrer naturalmente. Basta tão só a Providencia divina para estatelar alguém numa morte irreversível. Todos os meios e mecanismos através dos quais os homens mortais abandonam este mundo, estão tão dependentes das mãos providenciadoras de Deus, tão universalmente e absolutamente sujeitos ao poder da Sua determinação, que de nada mais tem como depender o momento da morte de cada um. Apenas depende de que Deus assim queira que se faça, nada mais impede um pecador de cair para sempre num inferno infinito.

8. O homem natural e a sua incoerente prudência em preservar-se a si mesmo, ou o cuidado dos outros em preservá-los, nada lhes garante de fato, nem por um pequeníssimo momento. Disto testemunha a cautelar providencia infinita de Que já criou o mundo. Existe este fato já de si comprovado que nenhuma sabedoria humana pode livrar o homem da sua perdição. Se tal coisa fosse verdade, veríamos desde já alguma diferenciação entre os políticos e sábios de hoje e outras pessoa menos inteligentes, no que toca à sua morte. Mas de fato, aquilo que dizem as Escrituras transparece sempre repleto de verdade infinita, nomeadamente: "Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o estulto!" Ec.:16.

9. Todo e qualquer esquema dos ímpios, todas as suas agonias em escapar do inferno, enquanto rejeitam Cristo na sua vida pratica, mantendo a sua impiedade porque sem Cristo não terão como se verem livres dela, não lhes assegura uma livrança do inferno, nem por um momento. Qualquer homem natural que tente escapar do inferno, bajula seu ego sempre para não ter que pensar que não tem como escapar dele. O pecador depende dele próprio para escapar, vitoria-se e vangloria-se em si mesmo, depende das suas próprias forças para escapar à sua maneira. Bajula-se, entretém-se, gasta mal seu tempo sempre e mostra aquilo que consegue fazer apenas para acreditar que vai escapar. Todo e qualquer um tem sempre uma idéia bem delineada de como há-de escapar do inferno. Luta com suas crença e credos, tentando sempre convencer a ele mesmo por todos meios de que há-de escapar, pensando-se o mais sábio de todos os homens. Ouvem sempre que muito poucos se salvarão, que muitos estão já no inferno, mas mesmo assim cada um deles imagina sempre que há-de escapar ileso. Acha sempre que será sempre melhor sucedido que todos os outros que já estão a queimar e que com ele tal coisa nunca ocorrerá. Ele não quer ir para aquele lugar de tormento, tentando enganar-se a si mesmo continuamente que nunca se enganará a esse respeito. Mas os miseráveis filhos dos homens iludem-se sem cessar, isto através de esquemas e ocupações próprias, tal é a confiança cega que depositam neles mesmos continuadamente. Confiam numa nuvem sombria. A grande maioria que conseguiu viver sob a era da graça e agora morreram, também pensavam assim e nem por isso deixaram de ir para no inferno. Eles não seriam menos inteligentes que todos aqueles que aqui se encontram; também não foi porque cometeram um qualquer erro de calculo nos seus muitos esquemas; se algum de nós pudesse ter como vir a falar com um qualquer desses homens ou mulheres que já lá estão perecendo, de certeza que quando se lhes perguntássemos se pensavam em vida que iam para o inferno, todos sem exceção acharam que nunca iriam parar num local de tantos horrores assim. Pensaram sempre o melhor deles próprios enquanto em vida e nenhum deles diria que tinha a intenção de ir parar ali. Todos diriam "Não sabia que vinha parar aqui, nunca concebi que isto viesse a suceder-me, pensava que dum jeito ou de outro sempre escaparia do juízo de Deus. Eu tinha a certeza que seria impossível eu ir parar no inferno! Mas apanhou-me desprevenido, não esperava tal coisa naquele momento, tão rápido assim. Eu bem queria preparar-me, mas pensava que ainda havia tempo suficiente para fazê-lo. Fui surpreendido pela morte como se é com um ladrão de noite. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Ó, que maldita agonia, que maldita tolice a minha! Sempre me bajulei pensando que eu era especial! E quando eu menos esperava morri. Sempre me convenci que tinha paz com Deus e enganei-me profundamente, irremediavelmente!

10. Deus nunca se comprometeu a salvaguardar um único homem carnal do inferno. Nem uma só vez Deus se comprometeria com tal coisa absurda. Ele com toda a certeza nunca prometeu vida eterna a quem permanecesse no seu pecado, nem nenhuma espécie de proteção especial duma morte eterna. Só prometeu a quem guardasse os estatutos do Seu Testamento através do Senhor Jesus Cristo, em quem essas promessas serão sempre sim e amem! Qualquer um que não haja crido nessas promessas de os livrar de pecar sob graça, nunca tiveram interesse no Mediador desse Testamento. Assim, todos aqueles que estão indo para o inferno por muito que se esgotem na oração, por muito religiosos que sejam, por muita seriedade que tenham no bater da porta que para eles não se abre, peça o que pedir, enquanto Cristo não for verdadeiro em si mesmo como Mediador real, Deus nunca estará comprometido a livrar tal homem da sua sentença final. Deus terá sempre a ultima palavra.

Assim é então, que Deus segura o homem de cair no inferno, está sempre pendente sobre o lago de fogo. Eles mesmo o merecem por si mesmos, estando sempre sentenciados sob essa mesma pena. Deus está provocado ao extremo da sua ira contra eles, tanto quando estará com aqueles que já estão a sentir a Sua fúria sem volta lá no inferno. Nada fizeram par se livrarem daquele abismo sem volta, sem saída possível, nada fizeram para apaziguar a sua ira. Deus nunca se comprometeu a livrá-los de qualquer tormento, o diabo espera a oportunidade de os vir a sugar. O inferno está de boca aberta esperando tragá-los a qualquer momento da sua vida, as chamas engolem já muitos sem que pensassem ir lá parar. O seu pecado está sempre em chama de pecado e não pretendem conhecer Quem os pode livrar dessas chamas do pecado, dessa semente do inferno. Não pretendem estar seguros, apenas desejam a mentira desde que seja sua própria e enquanto tentam salvar-se a si mesmos com muitos esquemas vagabundos, mostra como nunca pretendem o único Mediador como tal, apenas em si mesmos confiam para se livrarem. Resumindo, eles não estão seguros, não têm qualquer refugio em qualquer recanto de todo o universo e a única coisa que os previne de caírem de vez naquele poço de chamas será apenas uma vontade arbitrária de Deus. Também a tolerância voluntária, não comprometida dum Deus muito irado.

Aplicação pratica

O uso deste assunto deve servir para aquele despertar de pessoas nesta congregação. Isso é para todos vós que não estão em Cristo, vivendo do vosso pecado ainda. O outro mundo cheio de miséria esperava-vos amenos que se convertam hoje, aquele lago de fogo eterno já existe e estará preparado há séculos. Existe de fato esse lugar horrível onde todas as chamas da ira justa de Deus exultam e queimam há muito. Existe um inferno com a sua boca escancarada ao máximo para engolir quem nega o seu Criador da sua vida. Lá não tem chão onde firmar seus pés e aqui não tem nada que o separe do inferno senão ar e tempo; é tudo uma questão de tempo. Apenas pela misericórdia de Deus está aqui a ouvir este sério aviso.

Provavelmente não estará o meu ouvinte com sua sensibilidade aguçada em relação a este assunto. Sabe que está longe do inferno ainda, mas só não sabe que é apenas Deus quem ainda impede que caia lá para sempre. Você passa todo o seu tempo com outros assuntos, com outros afazeres, dando tudo aquilo que toda a constituição do seu pecado lhe pede, tal como todos os meios que ainda poderiam salvar a sua vida da fogosa ira de Deus, em vez de temer e se converter. Mas de fato, os meus argumentos são pequenos ainda comparando com os que podia elaborar. As suas coisas, os seus afazeres de nada valem à luz da verdade de todas estas coisas eternas. Se por acaso Deus retirar a Sua grande mão de impedir de travar a sua eminente queda, nada mais neste universo que criou à sua volta tem como impedir um pecador de estatelar-se para sempre no infinito do fogo.

Todos os seus pecados tornam-no tão pesado como chumbo em leve ar. Vai cair para sempre sem volta possível. Todo os pesos que carrega em sua consciência empurram diretamente pela força do seu peso ; o destino de quem não está em Cristo é um poço sem fundo que deita chamas e enxofre. Se Deus o deixar ir afora, logo desaparece sem nunca mais poder voltar. Toda a sua corpulência, todos os seus cuidados e artimanhas em escapar, toda a sua prudência, toda a sua saúde de nada valerá ; nada tem como impedir o pecador de prestar todas as contas da sua vida a Deus. A sua auto-estima, o seu arrependimento e remorso por perder a sua vida assim tolamente, nada mais resolverão, para nada mais servirão senão como servirá uma teia de aranha perante um incêndio muito quente, ou para essa mesma teia segurar um pedregulho em queda desde as alturas. Não fosse a soberania de Deus sobre todas as coisas, por certo que já estaria a experimentar este enorme sofrimento da ira de Deus. Não fosse essa soberania, nenhum local de toda a terra o suportariam nem por um momento mais, pois você faz a terra grunhir de desespero pelo seu pecado, pois sujeita a criação de Deus a enormes pesadelos. A sua corrupção é uma ameaça à servidão ao pecado de todas as outras criaturas de Deus. Essas criaturas não querem estar sujeitas àquela perdição, mas todo o seu pecado as sujeita a isso mesmo contra a sua vontade. Até o sol não brilha com alegria para suportar a sua iniqüidade sob sua luz para ter como servir Satanás e seus anjos; nem a terra produz para que possa gastar em suas banalidades perversas; até o ar que você respira se opõe a ser respirado por si para poder manter a vida vital que você usa mal em seus deleites pecaminosos, para que você use suas forças a favor dos inimigos eternos do Deus vivo. Toda a criatura de Deus, toda a sua criação é perfeita e foram criados para dar sempre glória ao Deus altíssimo. Nenhuma destas coisas criadas por Ele, sustêm de leve ânimo quem desonra a sua própria criação para malefício de todos os outros à sua volta. Todo o universo escarraria um verme pecador do seu meio ambiente não fosse pela vontade e paciência de Deus fornecer mais algum tempo ainda para se converterem! Toda a criação suspira na esperança de um dia obter uma libertação do domínio total do pecado. Nada impede senão Deus. Temos toda a ira de Deus pairando sobre nossas cabeças, como uma nuvem negra prestes a rebentar todo o seu conteúdo de fogo e enxofre não fosse a mão de Deus que restringe os elementos de cooperarem nessa esperança de ver um pecador que seja a ser santo e a glorificar Deus para sempre. O soberano desejo de Deus impõe aos elementos que O glorificam sempre, de cuspirem toda a imundícia para bem longe de si. De momento apenas ouvimos falar uma coisa muito vaga da suposta ira de Deus, pois pelas tempestades e calamidades Deus dá a entender um pouco de tudo aquilo que ainda se vai passar e que ninguém terá como impedir.

A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a força das águas for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo em sua libertação. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se presa. Mas, por outro lado, sua culpa cresce cada vez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra vós mesmos. As águas estão subindo e se acumulando gigantescamente, fazendo sua força aumentar cada vez mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detêm essas águas, as quais não querem continuar enjauladas e forçam sua saída. Se Deus retirasse Sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso de sua fúria e da ira de Deus precipitar-se-iam com furor inconcebível, e cairiam sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossas forças fossem dez mil vezes mais do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso demônio no inferno, de nada serviria para que pudesse deter essa fúria divina.

O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para seu coração esticando o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus ; dum Deus irado ; que com nada se compromete e a nada Se obriga, impede que a flecha se embeba já com o sangue de qualquer um de vós.

Assim estão todos vós compartilhando esse perigo, todos aqueles que nunca experimentaram uma transformação real em seus corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em suas almas ; todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz e para uma vida nova nunca experimentada até aqui. Por mais que vocês tenham modificado vossa conduta em muitas coisas e tenham abusado simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com suas famílias e em particular indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente Sua misericórdia vos livra de ser, tragados pela destruição eterna agora, neste preciso momento.

Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles que já se foram e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam estarem a viver em paz e plena segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram as suas confianças tendo a paz e segurança como objetivo, eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras sem verdade.

O Deus que vos mantêm fora do abismo do inferno abomina-vos; Ele está terrivelmente irritado e Seu furor, queima como fogo contra vós. Ele vê em vós uma dignidade imensa apenas para virem a ser lançados no fogo do inferno. E Seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a Seus olhos do que a mais odiosa das serpentes venenosas serão para todos os humanos. Têm-No ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia um governante. No entanto, nada, a não ser a Sua mão, pode-vos impedir de cair no fogo a qualquer momento. O fato de nenhum de vós ainda não ter ido para o inferno a noite passada e vos haver sido concedida a graça de acordar ainda neste mundo, depois de terem fechado os olhos para dormir ontem, atribui-se a essa mesma graça e favor. Não existe outra razão para que todos vós não hajam sido lançados no inferno antes de se haverem levantado pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus tê-los sustentado. E não existe outra razão para que vocês não caiam no inferno, já, neste exato momento.

Ó pecador, pense no perigo terrível que corre! É sobre essa grande fornalha de furor, você está pendurado sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da Sua ira, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra si, como contra muitas pessoas já condenadas as quais já estão no inferno. Você está suspenso por uma linha quebradiça, com as chamas divinas a toda a sua volta prestes a queimá-la, prontas a atearem fogo e queimá-la por inteiro. E você continua sem interesse nesse Mediador, sem ter onde se agarrar para se poder salvar de tal ira certa, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada em si próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para poder persuadir o Senhor a poupar sua vida por mais um minuto que seja. Considere, então, mais uns aspectos dessa cólera que ameaça chegar com tão grande empenho:

l. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso sobre a terra comparativamente, seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente a dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súbitos em suas mãos, para serem usados a seu bel-prazer.

"Como o bramido do leão é o terror do rei, o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv. 20:2) O súbito que enfurece esse tipo de governante totalitário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, o qual o poder humano possa aplicar pela sua fúria.

Por essa razão, os maiores príncipes desta terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores e ameaças, não são mais do que vermes debilitados e desprezíveis que rastejam no pó que Deus criou, quando comparados com o grande e Todo-Poderoso Criador e Rei dos céus e de toda a terra. Mesmo quando estão irados e essa sua ira chega ao máximo do seu rubro, é muito pouco o que podem fazer se compararmos com a ira de Deus. Os reis da terra são como gafanhotos perante Deus ; tão pequenos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito acima, mais terrível do que a deles, tal como é maior a Sua majestade maior e de maior dimensão que a deles. "Digo-vos, pois, amigos meus não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer." (Lucas 12:4-5).

2.É essa ferocidade da Sua ira a que vocês estão todos expostos Lemos muito sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is. 59:18 "Segundo as obras deles, assim retribuirá furor aos seus adversários". E também em Is. 66:15: "Porque, eis que o Senhor voará em fogo e os seus carros como um torvelinho, para tornar toda a sua ira em furor e a sua repreensão em chamas de fogo". E assim lemos também em muitos outros lugares Bíblia. Lemos também em Ap.. 19:15, "o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso". Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito "a ira de Deus" apenas, isso já nos faria supor algo bastante mias terrível e aterrador. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor do Senhor! Oh, quão terrível deve ser essa fúria! Quem pode exprimir ou mesmo conceber o que essas palavras carregam de peso nelas mesmas? Contudo não é apenas isso que está escrito: é "o furor da ira do Deus TODO-PODEROSO". Essas palavras dão a entender uma grande manifestação de Seu grande poder onipotente quando for julgar. Através dela Ele infligirá aos homens TODO o furor de Sua ira contida durante milhares de anos. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através de seu furor, a onipotência de Deus irá, da mesma forma, se enfurecer e manifestar. E qual será a conseqüência de tudo isso? O que será dos pobres verme fortes, e quem e com que coração se conseguirá suportar tanto furor duma só vez para sempre quem vier a sofrer todo esse mal? Que mãos se manterão? Que terrível, quão inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar toda a pobre criatura humana que seja vítima dum duro juízo como este!

Pensem bem, vós todos aqueles que estão aqui agora e que permanecem em vosso estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efetivar o furor de Sua ira, torna implícito que Ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do seu estado e vir como seus tormentos são absolutamente desproporcionais à sua força, como vossas almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de nenhum de vós, não irá deter a execução de Sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve Sua mão Nessa hora. Deus não usará de nenhuma misericórdia para convosco, nem conterá mais Seu vento impetuoso. Ele nunca mais considerará seu bem estar e nem irá evitar que sofram de ali em diante! Na verdade, fará com que sofram na justa medida exata que toda a Sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será moldado só pelo fato de ser difícil de suportar por nenhum de vós. "Pelo que também Eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que Me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei." (Ezequiel 8:18). Deus está pronto; agora , usa de compaixão para convosco. Hoje é o dia da misericórdia para convosco. Vocês podem clamar neste instante e ainda ter esperanças de alcançar graça e misericórdia. Mas quando o dia de toda misericórdia passar, vosso lamento, o mais doloroso pranto, os gritos, serão completamente ignorados perdidos no ar e alienados dos ouvidos sensíveis Deus. O Senhor não terá mais uso para si a não ser sofrer suas misérias continuamente para servir de exemplo para quem estiver anda no céu. No que toca todo o seu bem estar, verá que Deus nunca terá outra opção senão a de entregá-lo ao sofrimento e à sua miséria e admitirá até que é justo nisso mesmo. E persistirá não tendo outra perspectiva de salvação, pois será um vaso de ira, preparado para a destruição. Não existe outro uso para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, Ele estará tão longe de si como o sol está agora! Leia, inclusive, o que está escrito a esse respeito, que Deus irá, simplesmente, "rir e zombar" de vós (Provérbios 1:25-26, etc.).

Vejam quão terríveis são essas palavras do grande Senhor: "O lagar Eu o pisei sozinho e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo" (Is. 63:3). É quase impossível de se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de indignação dum Deus Onipotente. Se chamarem a Deus por consolo, Ele estará longe de vos querer consolar, ou de vos querer demonstrar qualquer interesse a favor. Ao contrário, o Senhor simplesmente irá esmagá-los sob Seus pés. E apesar de saber que, ao pisá-los, nunca poderão suportar o peso de Sua onipotência, ainda assim Ele não se importará com isso e irá esmagá-los debaixo de Seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre, manchando Suas vestes, maculando Seus trajes resplandecentes. Ele não só irá odiá-los, como dedicará a todos vós aqui, o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para si, a não ser debaixo de Seus pés, para serem pisados como se pisa a lama das ruas.

3. A miséria a que estarão dotados é aquela que Deus mesmo infligirá, a fim de demonstrar a força da Sua ira duma só forma. Deus tem em Seu coração a intenção de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do Seu amor, como a severidade de Seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força da sua ira através de castigos extremos que aplicam sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sádraque que, Mesadaque e Abednego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que costumava fazer. Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto grau possível de temperatura. O grande Deus também quer revelar a Sua ira e exaltar Sua tremenda majestade (em tudo mais excelente que a deste rei) e grandioso poder através dos sofrimentos desmedidos de Seus inimigos. "Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição." (Romanos 9:22).

E visto que esse é o Seu desígnio e o que Ele determinou, ou seja, mostrar como é terrível e ilimitada a Sua ira, fúria e indignação, Ele o mostrará realmente. E espero que não seja a si ainda. Será realizado algo horrendo, muito terrível.

Quando o grande e furioso Deus se houver levantado e haver executado Sua terrível vingança sobre o mísero pecador e desgraçado que estiver sofrendo o peso e o poder infinito de Sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que n'Ele existe. "Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo. Ouvi vós, os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Is. 33 :12-14).

Assim será com vós todos os que não se converterem a tempo, se permanecerem nesse vosso estado de insensatez. O poder infinito, a majestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em vós através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão, por certo. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro.

E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo vendo como é a ira e a fúria do Todo-Poderoso para nunca mais esquecerem. E quando virem todas essas coisas, prostrar-se-ão e adorarão Seu grande poder e majestade. "E será que de uma lutava à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne."(Is. 66:23-24).

É uma ira eterna. Já seria algo terrível sofrer o furor e a cólera do Deus todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda uma eternidade. Essa intensa e horrenda miséria nunca mais terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E irão entrar em desesperar mas em vão, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor ao mesmo tempo. Saberão também, que terão de a sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança que nunca mais aceita qualquer clemência, todo-poderosa que ela possa ser agora para si. Então, depois de passar por tudo isso, quando tanto os séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota de água quando comparado com o que ainda resta. Portanto, seu castigo será, com toda segurança e certeza, infinito. Oh, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão daquela realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"

Quão horrendo é o estado daqueles que diariamente, continuamente a cada hora, os que se encontram em perigo de sofrer tamanha ira de infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que possa ser. Oxalá pensassem em todas essas coisas, jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade também. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito e que estejam até enroscando na esperança de conseguirem escapar. Se soubéssemos que de entre os nossos conhecidos existisse uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encararmos essa realidade. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro e prantear por causa dela. Mas, infelizmente, longe de ser uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações no inferno apenas! E inúmeras dessas pessoas podem estar no inferno em breve, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que entre todos vós continuarem persistam nesse vosso estado natural pecaminoso e que consigam ficar fora do inferno por mais algum tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vós, de maneira repentina. Têm toda razão ao se admirarem de não estar ainda a fazer número já dentro do inferno. É o caso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, meus, que pareciam nunca merecer o inferno mais do que qualquer um de vós e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos tanto quanto vós estais hoje. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos carnais, cercados por todos os meios da graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, lá no inferno por uma simples oportunidade de viver mais um só dia, como a que desfrutam vocês neste momento!

E agora vocês são os que têm uma excelente oportunidade de se salvarem. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par colocando-se em pé clamando e chamando em alta voz aos pobres de espírito. Este é o dia em que muitos se estarão reunindo a Ele, apressando tudo para chegar ao reino de Deus. Inúmeras almas estão indo diariamente do norte, do sul, do leste e oeste. Muitos dos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro e os pôde lavar de seus pecados com Seu próprio sangue, regozijando-se na e banqueteando-se por estarem a ver a glória de Deus para sempre. Como é terrível ser deixado para trás num dia destes! Ver os outros a banquetearem-se, enquanto vocês estão penando e definhando sem qualquer esperança de lá poderem sair! Ver os outros em perfeito regozijo e alegria, cantando com todo coração coração, enquanto vocês só terão motivos para prantear pelo sofrimento em vossas almas e corações, de se lamentarem por causa das aflições de vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado? Será que vossas almas não são tão preciosas assim, como as almas daqueles que, dia a dia, se estarão ajuntando ao rebanho de Cristo?

Não existem, porventura, muitos que, apesar de haverem estado já longo tempo neste mundo, mesmo assim ainda não nasceram de novo e por essa razão sejam estranhos à comunidade de Israel e nada tenham feito durante toda a sua vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh senhores, o vosso caso, é sem dúvida, extremamente pernicioso. Toda a dureza de vossos corações e vossa culpa são imensuráveis. Acaso não vêem como as pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Necessitam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira dum Deus infinito.

E todos vós que ainda são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que ainda desfrutam, quando tantos outros jovens da vossa idade já estão renunciando às futilidades da sua juventude acorrendo céleres até Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade única, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram os dias preciosos de sua mocidade em pecado, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade natural.

E vós crianças, que não foram convertidas ainda, não sabem que estão perto do inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que está encolerizado contra vós também noite e dia? Será que ficarão felizes por serem ser filhos do diabo apenas, quando tantas outras já foram convertidas e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?

Oxalá todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendendo sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, pessoas de meia idade, jovens ou crianças, possam dar-me ouvidos, também ao clamor dos chamamentos da Palavra e da providência de Deus. Este é o ano aceitável do Senhor, um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros também. Quando negligenciam vossas almas a esse ponto, os corações dos vós homens se endurecem e vossa culpa aumenta vertiginosamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produzir fruto, será cortada e lançada no fogo eterno.

Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-Poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de sua Sodoma: "Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças."

"E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens." "De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus;" (2 Cor 5.11-206.2). "Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar." (Is. 55:6-7). Amem.


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